Michael Mendoza analisa o momento do mobiliário nacional no mercado americano e aponta caminhos para crescer ainda mais.

Na 40ª edição da ABIMAD, a feira mais influente do setor de móveis e decoração de alto padrão da América Latina, convidamos Michael Mendoza, diretor da Nearshoring America no Dallas Market Center, para compartilhar a sua visão sobre o mercado norte-americano.
Com uma trajetória internacional e um olhar estratégico sobre consumo, multiculturalismo e design, Michael não só avalia o atual momento do Brasil no cenário global como traz conselhos valiosos para quem deseja exportar com consistência — especialmente para um público cada vez mais diversos, conectado e exigente.
Como você enxerga o mercado de móveis brasileiro hoje
O Brasil tem uma força única. O design brasileiro combina tradição artesanal com inovação de forma muito natural. O uso de materiais sustentáveis, a atenção aos detalhes e uma estética com identidade fazem os móveis brasileiros se destacarem.
Vejo um enorme potencial — especialmente em mercados como os EUA, onde há uma busca por produtos originais, com propósito e pegada ecológica.
Você percebe crescimento real das exportações brasileiras para os EUA?
Com certeza! E não só em volume, mas em visibilidade.
O mobiliário brasileiro está aparecendo em lojas boutiques, e-commerces, e entre arquitetos e influenciadores americanos.
Os dados mostram isso: as importações subiram de US$ 213 milhões em 2022 para US$ 300 milhões em 2023, segundo a WITS e a Trading Economics.
Isso mostra que o Brasil está se firmando como referência em segmentos que valorizam sustentabilidade e design de verdade. E a ABIMAD, junto com catálogos digitais e mostras nos EUA, tem ajudado muito a ampliar essa presença.
O que o público americano busca no mobiliário brasileiro?
Design com alma. Eles querem peças com história, feitas com materiais locais, com acabamento autêntico.
O mercado americano valoriza o que é bem-feito, com identidade, e o Brasil entrega isso.
Com o crescimento da população latina nos EUA, há ainda mais abertura para produtos que tragam memória, origem e personalidade.
Quais estilos, cores e materiais estão em alta por lá?
O minimalismo continua forte, mas com camadas naturais — madeira clara, fibras orgânicas, cores neutras e tons terrosos.
Mas os consumidores mais jovens e diversos — como os latinos — estão trazendo mais cor, ousadia e elementos artesanais.
Materiais com pegada ecológica, como madeira reaproveitada, couro e fibras naturais, estão super em alta. E hoje, sustentabilidade não é mais um diferencial — é uma exigência.
Que conselhos você daria para quem quer exportar mais para os EUA?
Primeiro, entender que o mercado mudou.
Hoje, os compradores americanos usam canais híbridos: feiras físicas, sim, mas também plataformas B2B, redes sociais e catálogos digitais.
Outro ponto: os importadores atendem lojistas, marcas D2C, arquitetos, e-commerces. Ou seja, é preciso ser flexível.
Modelos como dropshipping ou embarques diretos estão crescendo, e a logística clara faz muita diferença.
E por fim: história vende mais que preço. Produtos com identidade, que falam com o consumidor, são os que ganham espaço.
Resumo das dicas para os expositores brasileiros:
- Marquem presença em feiras e no digital
- Conversem com importadores que conhecem o público multicultural
- Tenham políticas de preço e volume flexíveis
- Sejam transparentes com prazos e logística
- Acompanhem as tendências sazonais com agilidade
“Acredito que os móveis e a decoração brasileiros têm um grande potencial de crescimento nos Estados Unidos, porque suas principais qualidades — autenticidade, sustentabilidade e identidade — estão alinhadas com os valores emergentes dos consumidores norte-americanos”
Michael Mendoza
